Sempre que penso em unção com óleo, minha mente automaticamente retorna a vários momentos vividos na igreja. Desde criança lembro-me do meu pai carregando no seu bolso o vidrinho de óleo ungido, sempre que saia para visitar algum doente.
Um desses momentos que me vem à mente ocorreu durante uma visita a um hospital, onde ele impôs as mãos ungindo aquela pessoa com óleo.
Outro momento marcante foi quando meu esposo recebeu a consagração ao presbitério da igreja. Os pastores todos ali em volta, daqueles muitos homens que estavam sendo separados para o ministério. Além disso, recordo-me quando meus filhos ao nascerem, receberam a unção com óleo sendo consagrados à Deus, nos seus primeiros dias de vida. No entanto, minha relação com óleos não se limita apenas a essas experiências religiosas.
Os óleos estão em alta nos dias de hoje como remédios naturais e homeopáticos para tratar diversas condições de saúde e melhorar o bem-estar. Poucos dias atrás, participei de uma reunião com algumas mulheres, para discutirmos os benefícios dos óleos para nossa saúde e bem-estar.
A relevância dos óleos não é uma novidade apenas dos tempos modernos; poucos sabem que seu uso remonta à Bíblia. Nos tempos bíblicos o óleo da santa unção eram exclusivamente para consagrar reis e sacerdotes, tornar sagrados os móveis do tabernáculo e ungir os enfermos em busca de cura.
Sendo assim, neste estudo bíblico sobre a unção com óleo, vamos juntos descobrir o significado de ungir, se realmente é bíblico e se podemos ainda ungir em nossos dias atuais.
Qual o significado de ungir com óleo?
Algumas pessoas se perguntam se usar óleos de unção é algo que a Bíblia apoia nos dias atuais. Por isso, é de suma importância entender o significado de ungir com óleo.
De acordo com o Dictionary.com, a palavra ‘ungir’ significa consagrar ou tornar sagrado em uma cerimônia que envolve a aplicação de óleo, dedicando algo ao serviço de Deus.
5 Ingredientes usados para o óleo da unção
A receita do óleo da unção, foi descrita pelo próprio Deus ao Seu servo Moisés. Cada ingrediente usado no oleo, destaca sua importância e o valor sagrado que possui.
“Tu, pois, toma para ti das principais especiarias, da mais pura mirra quinhentos siclos, e de canela aromática a metade, a saber, duzentos e cinqüenta siclos, e de cálamo aromático duzentos e cinqüenta siclos,e de cássia quinhentos siclos, segundo o siclo do santuário, e de azeite de oliveiras um him. E disto farás o azeite da santa unção, o perfume composto segundo a obra do perfumista: este será o azeite da santa unção.” (Êxodo 30:23-24)
Consagração ou separação no Antigo Testamento
Para consagra ou separar pessoas ou objetos, o povo de Israel costumava ungir as cabeças de seus reis com óleo. Quando encontramos o jovem Davi pela primeira vez em 1 Samuel 16, o profeta Samuel o ungiu.
Além disso, é claro que lembramos também de Samuel ungindo a cabeça do rei Saul.
Já os profetas também eram ocasionalmente ungidos em suas posições, como vemos nos versículos à seguir:
“Também a Jeú, filho de Ninsi, ungirás rei de Israel; e também a Eliseu, filho de Safate de Abel-Meolá, ungirás profeta em teu lugar.” (1 Reis 19:16)
“Não toqueis os meus ungidos, e não maltrateis os meus profetas.” (Salmos 105:15)
“Não toqueis os meus ungidos, e aos meus profetas não façais mal.” (1 Crônicas 16:22)
Os sacerdotes ao serem eleitos para seus cargos, também passavam pelo ritual da unção com óleo:
“E as vestes sagradas, que são de Arão, serão de seus filhos depois dele, para serem ungidos com elas para serem consagrados com elas.” (Êxodo 29:29)
“E o sacerdote, que for ungido, e que for sagrado, para administrar o sacerdócio, no lugar de seu pai, fará a expiação, havendo vestido as vestes de linho, as vestes santas.” (Levítico 16:32)
As Escrituras também revelam que o tabernáculo, assim como certos utensílios e móveis utilizados nele, eram ungidos com óleo santo, com o propósito de separá-los para uso sagrado.
“Azeite para a luz, especiarias para o óleo da unção, e especiarias para o incenso.” (Êxodo 25:6)
“Tomou Moisés também do azeite da unção, e do sangue que estava sobre o altar, e o espargiu sobre Arão e sobre as suas vestes, e sobre os seus filhos, e sobre as vestes de seus filhos com ele; e santificou a Arão e as suas vestes, e seus filhos, e as vestes de seus filhos com ele.” (Levítico 8:30)
“Porém o cargo de Eleazar, filho de Arão, o sacerdote, será o azeite da luminária e o incenso aromático, e a contínua oferta dos alimentos, e o azeite da unção, o cargo de todo o tabernáculo, e de tudo que nele há, o santuário e os seus utensílios.” (Números 4:16)
No Novo Testamento, os discípulos seguiram o ensinamento de Cristo e ungiam os necessitados. No livro de Marcos 6:13, encontramos o relato dos discípulos expulsando demônios e ungindo os enfermos com óleo, e curando-os.
A unção com óleo tem poderes sobrenaturais?
Encontramos a unção com óleo em vários lugares do Novo Testamento. Tiago por sua vez, incentivou a unção dos enfermos com óleo, não por propriedades curativas especiais do óleo, mas devido à oração e apoio que o acompanham.
“Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.” (Tiago 5:14-15)
Neste versículo aprendemos que se alguém estiver doente, deve chamar os presbíteros da igreja para orar e ungi-los com óleo em nome do Senhor. A oração feita com fé pode curar o doente, e o Senhor os ressuscitará, perdoando também os pecados.
Contudo, essa passagem não nos instrui a chamar os presbíteros para cada pequeno mal-estar. Ao dizer “deixe-os chamar”, sugere que a situação pode ser grave. Além disso, colocar as necessidades diante dos presbíteros provavelmente as coloca diante de toda a igreja.
Então, por que pedimos aos presbíteros para nos ungirem com óleo? Não é porque o óleo tenha poderes sobrenaturais, mas porque ele simboliza a consagração a Deus.
Veja alguns exemplos bíblicos, aqui abaixo:
“Estes são os nomes dos filhos de Arão, dos sacerdotes ungidos, cujas mãos foram consagradas para administrar o sacerdócio.” ( Números 3:3)
“Achei a Davi, meu servo; com santo óleo o ungi.” (Salmo 89:20)
“Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda.” (Salmo 23:5)
“ENTÃO tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e beijou-o, e disse: Porventura não te ungiu o SENHOR por capitão sobre a sua herança?” (1 Samuel 10:1)
A unção com óleo é um ato físico que expressa uma verdade espiritual: pertencemos a Deus e confiamos completamente em Seu cuidado. Enquanto orar com os mais velhos expressa nossas necessidades em palavras e espírito, a unção com óleo transforma essa expressão em ação.
Quem é o Ungido?
No Antigo Testamento, Deus nos prometeu um “Libertador”, que é o nosso Messias e “Ungido”. Contudo, a Sua unção não acontece com óleo, mas é espiritual.
Como nos revela Isaías:
“O Espírito do Soberano Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para proclamar boas novas aos pobres. Ele me enviou para curar os quebrantados de coração, proclamar liberdade aos cativos e libertação das trevas aos presos.” (Isaías 61:1)
“Os reis da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o SENHOR e contra o seu ungido. (Salmos 2:2)
“Depois das sessenta e duas semanas, o Ungido será morto, e já não haverá lugar para ele. A cidade e o lugar santo serão destruídos pelo povo do governante que virá. O fim virá como uma inundação: Guerras continuarão até o fim, e desolações foram decretadas.” (Daniel 9:6)
No Novo Testamento, Jesus proclama:
“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para proclamar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos, recuperação da vista aos cegos e libertação aos oprimidos.” (Lucas 4:18)
Esses versículos bíblicos afirmam que Jesus é o nosso Salvador ungido, sendo declarado por Ele mesmo. O Novo Testamento confirma várias vezes que Ele é, de fato, o Ungido
“O primeiro que ele encontrou foi Simão, seu irmão, e lhe disse: “Achamos o Messias” ( isto é, o Cristo ).” (João 1:41)
“Saulo, porém, se esforçava muito mais, e confundia os judeus que habitavam em Damasco, provando que aquele era o Cristo.” (Atos 9:22)
“E Paulo, como tinha por costume, foi ter com eles; e por três sábados disputou com eles sobre as Escrituras. Expondo e demonstrando que convinha que Cristo padecesse e ressuscitasse dentre os mortos. E este Jesus, que vos anuncio, dizia ele, é o Cristo.” (Atos 17:2-3)
“E, quando Silas e Timóteo desceram da Macedônia, foi Paulo impulsionado no espírito, testificando aos judeus que Jesus era o Cristo.” (Atos 18:5)
É bíblico ungir com óleo nos dias de hoje?
Essa é uma pergunta que não calar na mente de muitos cristãos: SE os seguidores de Cristo devem praticar a unção com óleo em nossos dias atuais?
Contudo, não há motivo para evitar essa prática, desde que entendamos que a unção com óleo é um símbolo e jamais deve virar um amuleto ou objeto de superstição entre nós cristãos.
Nada nas Escrituras proíbe essa prática, embora também não seja explicitamente ordenada, pois temos o Ungido para nos guiar na verdade. Ele sim nos unge com Sua graça e sabedoria.
“Mas vocês têm a unção do Santo, e todos vocês conhecem a verdade” (1 João 2:20).
Portanto, a unção com óleo pode ser uma expressão simbólica da presença e da orientação de Deus para nossas vidas.
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